quarta-feira, 24 de agosto de 2011

OS MÍSSEIS EM CUBA E A POSSÍVEL GUERRA NUCLEAR (II)


Enquanto os Soviéticos continuavam afirmando que não haviam levado mísseis para a Ilha de Cuba, os americanos não tinham dúvidas de que eles estavam mentindo, pois, as fotografias que foram feitas desde os seus aviões espiões denominados U2 lhes davam esta certeza, inclusive da presença de ogivas atômicas nos mesmos.
            O clima daquela primeira reunião realizada na Casa Branca (16 de outubro de 1962 pela manhã), do Presidente Kennedy com o alto escalão do seu governo, além de ser de incredulidade por terem sido enganados por Krushchev, era, também, de mal estar, pois, perceberam que fizeram papel de ingênuos.
            Foi lembrado naquela ocasião que, em nenhuma oportunidade, o Presidente foi alertado pelos seus órgãos de segurança de que as construções militares que a Rússia estava edificando em Cuba poderiam incluir os mísseis que foram fotografados pelos aviões U2, apesar das suas preocupações e constantes questionamentos à comunidade de Inteligência do governo a este respeito; pelo contrário, foram-lhe transmitidos relatórios a respeito da situação em Cuba e no Caribe onde afirmavam, com segurança, que a Rússia não estava fornecendo armas estratégicas e ofensivas para Cuba, uma vez que no passado os Soviéticos jamais tomaram semelhante atitude em algum dos seus países satélites, pois tinham preocupação com uma possível retaliação dos Estados Unidos.
            Alguns anos depois daquela crise, vieram à tona alguns documentos comprometedores para a Comunidade de Inteligência do governo americano; estavam tão confiantes na sua própria capacidade que não quiseram dar ouvidos  a pelo menos, dois dos seus informantes: um ex-funcionário do Hotel Hilton em Havana que lhes relatou a instalação de mísseis na região de San Cristobal e um outro que ouviu o piloto de Fidel Castro contando bravatas a respeito dos mísseis nucleares que estavam sendo instalados em Cuba pelos Russos.
            Embora pareça ser repetitivo para os leitores que conhecem a história, acredito que será interessante, pelo menos para os mais jovens, fazermos uma sumária recapitulação a respeito da “guerra fria” existente naquela época entre a Rússia e os Estados Unidos e que culminou na “crise dos mísseis em Cuba”.
            Preciso voltar um pouco mais no tempo para entendermos a razão desta expressão; após o término da II guerra mundial ficou acordado entre os aliados que Berlin seria ocupada pela Rússia; em junho de 1948 os soviéticos impuseram um bloqueio na cidade, impedindo a circulação de tráfico ferroviário e rodoviário vindo do ocidente; o Presidente Truman ordenou, então, que aviões “jogassem” alimentos para os habitantes da cidade bloqueada e Berlin passou a ser um símbolo da determinação americana em proteger qualquer nação européia frente à força soviética.
            Em 1949 foi assinado o Tratado do Atlântico Norte (NATO), cujo principio era o da defesa mútua, e,  um ataque a qualquer dos signatários (Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e vários outros países europeus) seria considerado um ataque aos Estados Unidos; era mais um episódio da “guerra fria”, termo popularizado desde 1946 por Walter Lippman, famoso  jornalista norteamericano, cujos contendores, segundo Winston Churchill, estariam separados por uma “cortina de ferro” ; logo em seguida, a Rússia surpreende o ocidente, testando a sua primeira bomba atômica, mostrando com isto que Stalin, ao invés de tratar de reparar os estragos causados pela guerra ao seu país, estava investindo na modernização das suas forças armadas.
            Em junho de 1950 teve inicio a guerra da Coréia, com os soviéticos apoiando os norte coreanos; os americanos entenderam esta movimentação como uma sinalização de que poderia acontecer, caso não fosse mostrado determinação, uma tentativa, no futuro, de uma similar ofensiva em Berlin; Truman enviou, imediatamente, grande força militar e no final daquele ano os norte coreanos estavam batidos e um armistício foi celebrado; saíram os Russos, entraram os chineses no apoio aos comunistas da Coréia do Norte, obrigando os americanos a aceitarem a divisão das duas Coréias na linha divisória existente antes do conflito.
            Após a guerra da Coréia os militares passaram a ter voz nas decisões de política externa americana com a criação, pelo congresso, do “Conselho de Segurança Nacional”; o poder deste conselho só foi contido, em parte, na administração do Presidente Eisenhower que, além de ser general de cinco estrelas do exército, era considerado herói da segunda guerra mundial; durante a crise dos mísseis em Cuba o Presidente Kennedy fez apenas uma reunião formal com este conselho.
            O episódio dos mísseis seria, como veremos na próxima semana, a movimentação de mais uma peça do intricado jogo de xadrez da “guerra fria”.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                

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