quarta-feira, 24 de agosto de 2011

MÍSSEIS EM CUBA – A HORA DA DECISÃO

Quando se imaginava que o comitê de segurança nacional encaminhava-se para um consenso de opiniões no sentido de se recomendar ao Presidente Kennedy que se adotasse o bloqueio da ilha de Cuba para o tráfico, tanto por via aérea como, principalmente, pela marítima, os dez elementos que foram encarregados de levar-lhe esta recomendação naquela noite de 5ª. feira, 18 de outubro, reiniciaram, sob instigação e questionamentos pontuais do Presidente, novas discussões que se prolongaram por toda a noite.
Se levarmos em consideração a responsabilidade colocada nos ombros destes homens que, em última instância, estavam decidindo sobre o futuro da humanidade, se a recomendação que fariam ao Presidente não fosse a mais adequada e se este a aceitasse poderia causar a destruição da raça humana.
Finalmente, no sábado à noite (20/10), o Presidente convocou os membros do Conselho de Segurança Nacional e informou-lhes que havia tomado a decisão de provocar o bloqueio aéreo e marítimo de Cuba; antes de ser anunciada esta decisão, o Conselho ouviu, abismado e com revolta (sob o ponto de vista logístico de guerra fria), a sugestão apresentada por Adlai Stevenson, embaixador dos Estados Unidos junto a ONU:  “Os EE UU proporiam à União Soviética a retirada dos seus mísseis da Turquia e Itália, além de entregarem de volta aos cubanos  a base de Guantâmano, se , em troca ela  retirasse os mísseis da ilha”.
Decidiu-se, também, que o Presidente deveria ocupar uma cadeia de televisão na segunda feira, dia 21/10, no inicio da noite, para um pronunciamento à nação; todos os aliados foram informados, oficialmente, sobre os acontecimentos e já naquele dia começaram a “vazar” para a imprensa algumas noticias sobre uma suposta “crise em Cuba”; foi convocada uma reunião de emergência na OEA (Organização dos Estados Americanos) e este organismo apoiou, por unanimidade, a posição americana.
Kennedy pediu ajuda a Dean Acheson, que foi secretário de estado no governo Truman em 1950, ano considerado simbólico para a “guerra fria”, para expor e mostrar as fotos aos aliados: França (Charles de Gaule), Alemanha (Konrad Adenauer) e Inglaterra (Harold Macmillan) sobre o perigo iminente e dizer-lhes das providências que seriam tomadas nas próximas horas.
Simultaneamente a estes preparativos a marinha enviou, de imediato, 180 navios de guerra para a zona do Caribe, a força aérea dispersou-se pelos vários aeroportos do país, para evitar a vulnerabilidade em caso de um ataque e os bombardeiros B-52, equipados com armas atômicas, permaneciam no ar em tempo integral (se um aterrizava para abastecer, outro já estava no ar), o sistema de mísseis foi colocado em estado de alerta máxima, o exército entrou em prontidão, tropas foram enviadas para a Flórida e a base de Guantâmano foi reforçada.
Finalmente, uma hora antes do pronunciamento de Kennedy, o embaixador da União Soviética, Anatoly Dobrynin, foi convidado para uma conferência com o secretário de Estado Dean Rusk, quando tomou conhecimento do iminente pronunciamento; naquela tarde, após almoçar com Jackie, como sempre fazia, Kennedy teve uma reunião com os membros do seu gabinete, quando lhes informou, pela primeira vez, sobre a crise e, depois, com os líderes do Congresso.
Conta Robert Kennedy (Thirteen days – Cuban missile crisis) que esta reunião foi muito difícil, pois, a maioria dos congressistas exigia uma linha mais dura, ataque militar, e que o Presidente estava fraquejando no dever de proteger a nação; Kennedy, após ouvi-los com paciência, explicou-lhes detalhes do seu plano e sua segurança a respeito dos resultados; se atacarmos, disse ele, os soviéticos poderão responder com mísseis atômicos e, então, milhões de americanos poderão ser mortos.
     Segundo Fred Coleman (The decline and the fall of the Soviet Empire - St Martin´s Griffin, N. York, 1996) o que Kennedy sabia, não poderia ser dito em público: “Um coronel russo de nome Oleg Penkovsky, pertencente ao serviço de inteligência soviética, havia sido recrutado pelos ingleses, tornando-se um dos mais importantes agentes na Rússia durante a guerra fria. Com uma câmara Minox ele captou mais de cinco mil fotos de documentos, incluindo ai, cópias do sistema de mísseis russos, descrevendo, inclusive, que haviam sido detectados defeitos no dispositivo de lançamento. Suas fotos permitiram, também, saber do detalhamento dos estágios da construção dos citados mísseis, com a identificação dos mesmos pelas fotos feitas pelos aviões espiões U2. Oleg foi descoberto pelo governo russo e fuzilado em maio de l963”.
Às sete horas da noite do dia 21 de outubro, segunda feira, Kennedy foi à televisão; estava calmo e confiante, como sempre esteve à frente das câmaras; a repercussão nos Estados Unidos e no resto do mundo abordaremos na próxima semana.

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